Afinal, o que é Arquitetura e Urbanismo?

Podemos definir arquitetura como construção concebida com a intenção de ordenar e organizar plasticamente o espaço, em função de uma determinada época, de um determinado meio, de uma determinada técnica e de um determinado programa. Pensar no Urbanismo deve envolver um esforço de pensar as necessidades futuras, baseando-se nas lições do passado, a fim de buscar propostas e ações, seja a médio ou longo prazo, dentro de uma realidade sócio-econômica e política, de modo a oferecer melhores condições de vida a esta cidade e não se reproduzir padrões que muitas vezes não condiziam com a realidade. A cidade é tida como o principal objeto de estudo do Urbanismo.

domingo, 11 de julho de 2010

Como a "Emergencia" (botton-up: Steven Johnson) tem aparecido nas práticas de Design, Arquitetura e Urbanismo Contemporâneos?

Steven Johnson, graduado em Semiótica e em Literatura Inglesa, é um importante autor americano e um dos mais célebres pensadores do universo dos computadores e da internet, escreveu em 2003 o livro Emergência – a vida integrada de formigas, cérebros, cidades e softwares.

Para Jonhson "Emergência" é o que acontece quando várias entidades independentes de baixo nível conseguem criar uma organização de alto nível sem ter estratégia ou autoridade centralizada. Você pode perceber esse comportamento em várias escalas: na forma como colônias de formigas lidam com o complexo gerenciamento de tarefas sem que haja uma única formiga no comando; na forma como bairros se formam sem um planejador urbano.

De acordo com pesquisas realizadas na internet “Tudo começa com o incrível Dictyostelium discoideum, “organismo semelhante a uma ameba”. Pesquisadores na área de matemática aplicada se empenharam em um conjunto de estudos acerca do comportamento desse estranho organismo. Essas pesquisas, segundo Johnson, contribuiriam para “transformar a nossa compreensão não apenas da evolução biológica, mas também de mundos tão diversos como a ciência do cérebro, o design de software e os estudos urbanos”. (p.10)

Segundo Johnson, “O discoideum tem uma vida dupla e paradoxal. Ora ele é um, ora ele é muitos. Tudo dependendo das condições ambientais favoráveis ou desfavoráveis que se lhe apresentem. “Quando o ambiente é mais hostil, o discoideum age como um organismo único; quando o clima refresca e existe uma oferta maior de alimento, ‘ele’ se transforma em ‘eles’. O discoideum oscila entre ser uma criatura única e uma multidão”. (p. 10)

Johnson diz que “estamos acostumados a pensar em termos top-down, em termos de líderes. Assim, a resposta predominante foi, durante longo tempo, a de que células líderes liberariam ondas de acrasina, a fim de fazerem as outras células se agregarem”.

O que a emergência tem a nos ensinar sobre o modo como surgem, organizam-se e evoluem as cidades, os cérebros, as corporações, os formigueiros, os softwares? Johnson vai apresentar o modo específico com que as colônias de formigas se auto-organizam, ou seja, o modo como constituem seu comportamento emergente coordenado. O comportamento emergente, diz Johnson, é uma mistura de “ordem e anarquia”.

Baseado em Johnson, “A cidade, como o formigueiro, é também um fenômeno emergente. E tem, no seu interior, seus próprios sistemas emergentes; os das calçadas, das vizinhanças, das praças, dos shoppings, nos quais interagem de modo informal e improvisadamente os cidadãos que nela habitam. A ordem e a vitalidade das cidades se definem também e em grande parte nesta forma social emergente”.

A cidade como um “sistema emergente” é um “padrão no tempo”. “A cristalização de um fenômeno bottom-up que se mantém no tempo” é uma das principais “leis da emergência”. Outra não menos importante é que um sistema emergente é capaz de aprender, quer dizer, ele vai ficando mais inteligente com o tempo. A cidade, portanto, se torna, segundo Johnson, “mais esperta, mais útil para seus habitantes. E aqui, outra vez, a coisa mais extraordinária é que esse aprendizado emerge sem que ninguém tenha conhecimento dele”. (p. 79)

Seja na escala das cidades, das colônias de formigas, da Web, das organizações, das telecomunicações ou das mentes humanas “nossas vidas englobam os poderes da emergência.” Sem dúvida, não é nada fácil pensar em termos de sistemas emergentes sem mecanismos de controle. O modelo mental tipo top-down é ainda predominante. Porém, diz Johnson, quando se trata de um sistema emergente é preciso desistir de tentar controlar. É preciso “deixar o sistema governar a si mesmo tanto quanto possível, deixá-lo aprender a partir de passos básicos”. (p. 174)


Esta pesquisa é parte integrante da página:
http://www.comciencia.br/resenhas/2005/10/resenha1.htm

Esta pesquisa é parte integrante da resenha elaborada por Cândido Celso e pode ser encontrada na página:
http://www.caosmose.net/candido/unisinos/textos/Emergencia_Johson.pdf
* Celso Candido. 43. Professor de Filosofia, Coordenador do Curso de Filosofia da UNISINOS.
** Resenha publicada originalmente na revista Filosofia Unisinos, vol. 7 no. 2 (maio/ago) 2006.

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